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Mostrando postagens de julho, 2021

Geração cabisbaixa

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Antigamente a gente se distraía olhando para o alto, soltando pipa, jogando avião de papel, subia em árvores e hoje em dia olhamos sempre para baixo.  Já notou que hoje temos a cabeça sempre voltada para baixo? A nossa cerviz se curva diante das novidades digitais, e isso tem causado até mesmo problemas físicos e transtornos psicológicos como a nomofobia. Há pessoas que sofrem crise de ansiedade se ficam sem sinal de internet por 30 segundos. Outros não conseguem se controlar ao ver a luz de nova mensagem piscando e “precisam” verificar, não têm autocontrole.  Não erguemos a cabeça para nada: nem para comer, nem para conversar com alguém, nem para fazer uma oração, nem para ver o clima; fomos capturados pelos pixels e viramos seus escravos. Comemos olhando para baixo, conversamos olhando para baixo, rezamos olhando para baixo, andamos olhando para baixo... viramos a geração cabeça baixa. A atitude servil diante da digitalização do mundo nos obriga a tirar os olhos das coisas a...

Dignidade

   Quando o ser humano perde a consciência da dignidade que lhe é própria, para não se sentir um peixe fora d’água, passa a querer nivelar todas as outras pessoas por baixo como reflexo da visão que desenvolveu de si mesmo. Passa a desacreditar em coisas superiores e transcendentais. Começa a pregar para si mesmo e a difundir a ideia de que essas coisas não existem e que é impossível alcançá-las, criando para si conceitos que convenham com a sua nova forma de ver a vida e aliviem - ainda que ilusoriamente - a sua consciência. Ao chegar nessa situação o pessimismo toma conta de sua mente e por não conseguir atingir certos objetivos especialmente ligados ao equilíbrio das vontades, usa como subterfúgio a fraqueza humana, e conclui que se não consegue viver virtuosamente, ninguém mais é capaz de fazê-lo, afinal de contas é humano também. Nesse estado, não acredita em quem afirma viver de forma equilibrada e tenta desabonar o seu interlocutor baseando-se em comportamentos parecido...

O silêncio de Deus, uma ausência presente

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Não há coisa pior do que o silêncio no momento em que mais precisamos de palavras, conselhos ou até mesmo correções. Na vida espiritual especialmente, ouvir a Deus é um exercício contínuo de busca e espera. Os nossos ouvidos estão tão acostumados ao barulho e o silêncio nos incomoda; já não conseguimos ficar em silêncio por muito tempo. No entanto, o silêncio é uma grande escola de disciplina e equilíbrio espiritual e humano. Saber silenciar é uma virtude que qualquer pessoa pode aprender. O silêncio tem o poder de ordenar as emoções e de ir aos poucos, colocando tudo no seu devido lugar. Jesus sentiu profundamente a dor do silêncio de Deus, no Getsêmani, na flagelação, na humilhação, quando recebia a coroa de espinhos, no caminho até o calvário e até na cruz, a ponto de questionar o aparente abandono do Pai: “ Eloi, Eloi, lamá sabactani 1 ?” Nós também, por diversas vezes experimentamos o sabor amargo do cálice do silêncio. Seja quando não O ouvimos ou quando não atende as...

O meu Reino não é deste mundo

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Regnum meum non est de hoc mundo (O meu reino não é deste mundo 1 ) Adveniat regnum tuum 3 Muito se fala e se ouve falar sobre a necessidade de construir o reino de Deus neste mundo chamado Terra. Diversos pregadores e escritores têm repetido ao longo dos tempos em suas colocações, que é preciso construir o Reino de Deus, arrogando para si e convocando outros para assumir essa responsabilidade. Porém, antes disso é preciso saber então o que ou como é esse reino e quem encarregou o ser humano de tal empreitada. Quando Jesus Cristo fala que pela Sua presença e ação o Reino de Deus já é chegado ao mundo - profecto pervenit in vos regnum Dei 2 , não dá a entender que esse Reino seja relacionado a construções aos moldes humanos. Ele não fala de um reino político. Ao ser questionado por Pôncio Pilatos durante o julgamento sobre ser rei, Ele confirma que é Rei, mas, adverte: Regnum meum non est de hoc mundo 1 . Seria então possível ao ser humano construir um reino que é sobrenatural?...

Vocação

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A vocação não é um sonho a ser realizado Muita gente confunde vocação com sonho de vida. Pode até sonhar vivendo a vocação, mas, o chamado a uma vocação nunca deve ser encarado como realização pessoal, porque é algo que, apesar de depender de uma resposta humana, não é de origem humana, mas sobrenatural. Se encaramos a vocação como sonho, ela pode se tornar uma carreira e aí mora o perigo. Podemos encontrar muitas pessoas que se consagraram a Deus em uma vocação específica, mas que não são felizes e talvez o motivo seja que, tenham olhado a consagração como carreira, como sonho de vida e é claro que dá errado. A vocação, se não é entendida como um chamado específico e Divino, não poderá ser vivida plenamente, pois ficará presa aos moldes e limites da capacidade humana de pensar e realizar. A maior prova disso está na biografia dos santos, que, apesar de enfrentarem sofrimentos insuportáveis a qualquer um de nós, não perdiam a paz e a felicidade. É claro que eles não eram masoquis...