Entender pra viver ou viver pra entender a vida?



Desde o ventre materno o ser humano já deseja entender o que acontece consigo. Os processos, os movimentos. É um desejo natural da verdade, ou seja, de compreender a vida e o que a compõe. Esse querer é de nascença. Essa vontade ela é inata. Não vem de uma intervenção extrínseca. Justamente por ser uma potência natural, acionada ao primeiro sinal de vida celular, tem o poder de impulsionar a pessoa numa busca que dura a vida toda.

Na verdade, se prestarmos um pouco de atenção, a vida é feita muito mais de perguntas do que de respostas, e certamente deve mesmo ser assim. Afinal de contas tudo que é totalmente compreendido “perde a graça”.

Precisamos realmente entender tudo que acontece na vida? Talvez essa pergunta seja mais importante do que todas as outras. A resposta é: Não! Não precisamos.

Claro que não há problema nenhum em questionar e querer compreender. Mas acontece que passamos muito mais tempo procurando respostas para as perguntas da vida do que vivendo a vida realmente. Perdemos mais tempo com o que não temos do que com tudo aquilo que já possuímos. Essa busca quando se torna demasiada, causa grande angústia pela insegurança de não ter plena certeza de tudo. Descobrimos que não temos o controle de quase nada e não tem nada de errado nisso.

Para algumas perguntas existem respostas e para outras não, e está tudo certo. No entanto não devemos ficar parados nas perguntas, pois, elas existem para nos levar para a frente e não para ficarmos presos a elas.

É importante se perguntar e mais importante ainda é ser livre o suficiente para não depender de todas as respostas para viver. Algumas respostas só serão respondidas à medida em que formos vivendo e entendendo o que realmente importa, assim como para descobrir um tesouro é preciso escavar para tirar desnecessário.

Ficar só olhando para o local onde está enterrado o tesouro e se perguntando, não o fará brotar do chão. É preciso viver, sem medo das perguntas e dos infortúnios.


Foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade.¹


 


Fabrício Alves da Silva


1.Carta Encíclica Fides et Ratio, Papa João Paulo II.

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